terça-feira, 2 de junho de 2009

"Ser Goiano", por José Mendonça Teles


"Ser goiano é carregar uma tristeza telúrica num coração aberto de sorrisos; é ser impetuoso e tímido.

É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para não sair dela.

É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno.

É ter latifúndio, e viver simplório, comer pequi, galinhada e feijoada, e não estar nem aí para os pratos de fora.

Ser goiano é saber perder um pedaço de terra para Minas, mas não perder o direito de dizer também 'uai', 'este negócio', 'este trem', quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.

Ser goiano é saber cantar música caipira e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes.

É acreditar no sertão como um ser tão próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno monjolo no coração e ouvir um berrante tocando longe, bem perto do sentimento.

Ser goiano de pé-rachado não despreza uma pamonha, e teima em dizer 'ei, trem bão!';

Ao ver a felicidade passar na janela, exclama 'viche!', quando se assusta com a presença dela.

É beber caipirinha com tira-gosto a tarde, com a cerveja na eterna saideira.
Vive em palacetes e se exila nos botecos da esquina.

É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto, religioso e amante da liberdade. Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima..."

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