quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Romeu e Julieta, um amor improvável!



            Há muitos anos atrás, na divisa de Goiás com Minas, no interior do país, existia uma fazenda muito especial, os donos, seu Chico e Dona Benta, nem imaginavam o quanto àquela fazenda era especial.
            Seu Chico criava e cuidava com tanto carinho sua criação de vacas holandesas, aquelas que dão muito leite. E todas as manhãs ele as ordenhava, dava feno, tirava os carrapatos, lixava o casco e até colocava lacinhos coloridos em suas orelhas.
            Dona Benta amava a plantação de goiabas vermelhas, seu cuidado com elas era notável, ensacava as frutinhas no período certo, varria o pomar e colhia os frutos no ponto certo.
            A fazenda era muito grande, e Dona Benta e Seu Chico viviam e trabalhavam apenas ali. Seu Chico com seu leite, ele vendia uma parte e a outra fabricava queijos no mesmo galpão que Dona Benta fazia doce das goiabas. Depois de prontos os queijos e goiabadas ficavam nas estantes para adquirirem cor e consistência adequada.
            O que dona Benta e o senhor Chico não sabiam é que o galpão era encantado. Todos os dias quando os donos iam se deitar, lá por volta das vinte horas, os elementos daquele lugar ganhavam vida. Era uma festa só, queijo cantando, goiaba dançando, leite rindo, colheres passeando e rodopiando, porém às quatro horas, era uma correria só, porque todos perdiam a vida.
            E eram assim todas as noites, festa e correria pela manhã, ninguém poderia ser pego e nada poderia estar fora do lugar. Porém em mais um dia de festa, um queijinho muito fresco, olhou para uma goiabada ainda novinha e muito cheirosa que estava lá perto do tacho, e ficou olhando, olhando,  e ela o olhou também e ficou olhando, e sem querer seus corações frescos e doces começaram a bater mais rápido, deixando o queijo rosado e o doce branco, era o começo de mais uma bela estória de amor.
            Um quase impossível, porque no mundo dos encantos não existe impossível. Daquele dia em diante o queijo só olhava a goiabada que amava e a goiabada só olhava o queijo que clareava sua vida. O queijo para puxar assunto sempre inventava perguntas para conhecer sua amada:
            -Como é o seu doce?
            A goiabada toda sonhadora, filosofava em suas respostas...
-Sou doce como os longos passeios nas ruas de Paris.
E o queijo muito esperto dava um pulinho na estante em direção a goiabada.
-Hum! Você gosta de viajar. E aí ia conversa para uma noite toda.
-Queijo, como você se vê? Perguntou certo dia a goiabada.
-Eu sou redondo como o Big Ben em Londres e aqui do alto da estante posso ver tudo,  assim como o relógio pode ver boa parte de Londres.
Mais um pulinho e conversa para mais uma noite toda.
-Goiabada, você viu que temos muito em comum?
-Sim, você poderia ficar mais perto de mim. Respondeu a goiabada.
 E com esta afirmação de amor, o queijo desequilibrou e caiu em cima da goiabada, que susto! E o pior que já era a hora do encanto acabar, o queijo ficou ali, bem junto de sua amada, imóvel.
Quando Dona Benta entrou no galpão, que susto que ela levou! Apesar do susto, a curiosidade: queijo com goiabada!?
E por mera curiosidade, no mundo encantado diríamos que a força do amor coopera para o bem daqueles que se amam... Dona Benta amou e aprovou o gosto do novo doce. Seu Chico que toda vez que entrava no galpão afastava os queijos, teve que se render ao sabor do doce.
Como Seu Chico não queria os queijos perto dos doces e a junção dos dois era quase impossível, Dona Benta os chamou de Romeu e Julieta.
Seu Chico e Dona Benta pensaram em como seria fantástico os seus doces em feiras e mercados e se inscreverem em feiras e concursos.
Romeu e Julieta foram ganhando o mundo e estão em lua de mel até hoje... Paris, Rio de Janeiro, São Paulo e por ai a fora.

Autoria: Nanna Krishina